Carta aberta: PROCULUS
Carta aberta
31/08/2023
A FERJ pugna por estádios seguros e entende que as ações para tal não devem se restringir somente à responsabilidade da Polícia Militar ou em maior número de contingentes de policiais, ou apenas a mecanismos repressivos. Há que se considerar um somatório de variáveis como, e não somente, mudança de hábitos, campanhas educativas, redução da beligerância, muitas vezes infladas ou tendo como origem atos, declarações e comportamentos de membros de uma própria instituição, cujos exemplos, às vezes, proporcionam reflexos facilitadores de um perigoso inconsciente coletivo.
Há que se considerar ações integradas das diversas instituições envolvidas nos eventos com objetivos convergentes; interação permanente para estudos, projetos e análise de resultados dessas ações; permeabilidade à osmose de ideias; capacidade de entender e conhecer os problemas e os possíveis meios que os solucionem ou os minimizem. Há que se dar início ao caminho da materialização das correções, sabidamente não atingidas no imediatismo que se imagina, mas necessariamente numa progressão constante, principalmente na possibilidade de adoção e uso da tecnologia.
Acreditamos que não se constitua excessivo otimismo admitir a existência de ajustes e corretivos necessários que tenham sido e que possam ser feitos pelo Vasco, com apoio multi-institucional, e também no que tange à compreensão do torcedor que lá o visita, ao entender como fundamental a manutenção comportamental de adequada sociabilidade, como forma de não comprometer a integridade do clube, a população que o circunda e que no local habita e cuida, a quem também cabe, como parte integrante do complexo esportivo local, gerador de negócios, inclusão e oportunidades, a incumbência permanente da missão pacificadora que sabe desenvolver e praticar em prol da harmonia e benefício de todos.
A cidade do Rio de Janeiro é a única, no mundo, que possui quatro grandes marcas do futebol internacional, e o futebol do Estado do Rio de Janeiro precisa de um Vasco maior ainda, não somente na pujança de suas conquistas esportivas, na história social que o distingue ou na imensidão de sua torcida, mas como símbolo e exemplo de sua imensurável capacidade agregadora e pacificadora, que sem dúvida é capaz de demonstrar.
Tanto o quanto aos vascaínos, a nós também coube o sentimento de tristeza pelo adiamento (assim ousamos dizer) da permissão da abertura do estádio ao público e nos solidarizamos com o Vasco diante da atual situação, ratificando nosso apoio à devolução do estádio ao torcedor, divergindo apenas do modus faciendi quanto aos meios demonstrativos das respectivas frustrações e reivindicações.
Concordamos com o entendimento momentâneo da Polícia Militar em não permitir clássicos no estádio (jogos do Vasco com Flamengo, Botafogo e Fluminense), até que algumas providências sejam realizadas e sanadas deficiências. Tem-se conhecimento da boa vontade por parte das instituições que podem e possuem meios de contribuir, no seu segmento, com ações facilitadoras das outras e para o mesmo objetivo.
Assim, com a devida permissão da divergência, não entendemos a decisão do Judiciário como contrária à busca por soluções que permitam devolver o Estádio de Proculus aos torcedores, não apenas aos vascaínos, mas a todos que gostam, praticam, trabalham e dependam do futebol.
Talvez seja prudente substituir o “a culpa é minha e eu boto em quem quiser”; aceitar e corrigir os próprios pecados; identificar e entender quem também nos ajuda a corrigi-los e procurar o diálogo, à exaustão, de forma a demonstrar que o Vasco busca soluções e não conflitos e que Proculus, ao merecer um gradativo voto de confiança, compromete-se a não causar decepções.
Vamos continuar trabalhando para isso.
Agência FERJ