Ricardo Cruz projeta as chances do America no Campeonato Carioca

Entrevista com o treinador do Mecão

19/11/2015
Noticia
Ricardo Cruz promete a disputa do título do Campeonato Carioca com o America (Crédito: Raffa Tamburini/America Rio)

Lançado como treinador na reta final do Campeonato Estadual da Série B, Ricardo Cruz guiou o America com maestria em seu caminho de volta à elite do futebol carioca. Não bastasse ter conduzido os rubros ao acesso - feito não obtido nas últimas três temporadas -, o treinador recolocou o clube no topo da competição, com o título da competição. Passada a conquista e o êxito em seu primeiro trabalho à frente de uma equipe de futebol profissional, Cruz permaneceu como técnico do America, tendo sido o comandante da equipe na Copa Rio.

Com um desafio ainda maior por vir, o treinador - que chegará ao Campeonato Carioca com 7 meses e 15 dias no comando do Mecão, com 14 jogos, sendo 8 vitórias e 2 empates, e invicto no Giulite Coutinho, com 5 vitórias em 7 jogos - analisou as experiências obtidas em 2015 e falou de suas expectativas para a Série A do ano que vem.

Ricardo, no dia 16 de Junho você assumiu como treinador, um dia antes de estrear na profissão justamente na semifinal do returno. Aparentemente você estava numa posição "confortável" como preparador de goleiros. O que te fez aceitar essa responsabilidade num momento crucial para o America na Série B?

O grande responsável por eu ter me tornado treinador foi o presidente Léo Almada. Ele me fez o pedido numa situação na qual eu não poderia virar as costas. Argumentei e ele contra-argumentou e insistiu, e eu aceitei ajudar. Aí eu entrei por inteiro. Era um momento delicado para o clube, uma reta final de Campeonato Estadual, mas, felizmente, conseguimos o objetivo principal, que era o acesso.

O que te ajudou a exercer a função de treinador naqueles primeiros dias de profissão?

Minha vida como atleta me ajudou muito. Fui goleiro e sempre orientei os jogadores de linha. Não só os defensores, mas os meias e atacantes também. Até quando eu não atuava, quando estava no banco de reservas, procurava passar instruções. Quando aceitei o cargo no America pensei que iria me sentir como um goleiro, contudo, com uma responsabilidade muito maior. Além disso, estudei bastante com minha comissão técnica. Principalmente com o Nelson Rodrigues, coordenador técnico do America.

Foi por isso que conquistou o acesso e o título na Série B?

Não só por isso. Antes de tudo, quero dizer que atribuo boa parte desse título ao Arturzinho - treinador que iniciou a campanha da Série B de 2015 - e ao Edu Coimbra - foi diretor executivo de futebol do America no Estadual -, que montaram a equipe. Além deles, tenho que ressaltar que os atletas foram fundamentais. O espírito deles foi fantástico e o resultado foi acima da média, já que vencemos o Estadual com mais que o dobro de pontos dos nossos rivais no Triangular Final. Quando os atletas estão em sintonia com você, conta bastante. Também tenho que ressaltar o empenho de todos os membros da comissão técnica, que trabalharam incessantemente em prol deste objetivo.

Ainda falando do ano de 2015, após o sucesso no Estadual você permaneceu para Copa Rio. Contudo, nesta competição o America não obteve sucesso. Por que isso ocorreu?

Era uma competição diferente do Estadual, já que contava com equipes da Série A do Rio, o que deixava o nível mais forte. Por isso não mexemos tanto na equipe e mantivemos boa parte do elenco campeão da Série B. Na minha avaliação, o trabalho foi bem feito, com todos se dedicando nos treinos e jogos. Não avançamos por um ponto e não consigo apontar um motivo específico. Porém, vejo a derrota para o Barcelona como primordial. No entanto, o futebol é assim. Às vezes equipes teoricamente mais fortes perdem jogos. Mas, volto a dizer, todos se dedicaram, buscaram a classificação e sentiram a eliminação.

O futebol brasileiro respira a cultura do imediatismo e as trocas de treinadores são comuns após eliminações e, até mesmo, após conquistas de títulos. Como você enxergou a escolha do America pela sua permanência?

A situação do profissional é cada vez mais instável no futebol brasileiro. Quando os resultados não acontecem, muitas vezes, trocam toda a comissão técnica. Geralmente, treinadores e jogadores vivem nesta instabilidade. No entanto, acredito que a atual comissão técnica do America fez um bom trabalho. Eu estava na expectativa de permanecer no cargo de treinador. Seguir como técnico do time para 2016 me deu a certeza da confiança que o presidente Léo Almada tem no nosso trabalho. Isso me deixa muito feliz e me motiva para o Campeonato Carioca do ano que vem. Estou bastante concentrado e trabalhando com muita alegria, já que muitos gostariam de estar no meu lugar.

Depois de quatro temporadas longe da Série A, a torcida do America anseia por um retorno triunfante no Campeonato Carioca. Sem dúvidas a competição terá muita importância para os rubros, o que vem acompanhado de muita responsabilidade para você. Isso te preocupa? Pelo o que o America brigará em 2016?

Não me preocupa. Eu tenho a consciência desta responsabilidade que carrego. Em 1989, quando atuava como goleiro do Botafogo, vivi isso. Esta experiência vai me ajudar. Naquele período conquistamos um título após 20 anos, de forma invicta. A pressão era grande, mas a superamos. Espero que não me interpretem mal, mas o America vai entrar no Carioca para ser campeão. Claro que dividiremos isso em etapas, como foi feito na Série B. A primeira e mais importante delas é nos classificarmos para a próxima fase. Essa é a minha maneira de pensar e é, justamente, o que vamos buscar em 2016.

Uma das necessidades para ir bem no Carioca, assim como em qualquer campeonato, é a montagem de uma equipe competitiva. Como estão os preparativos para formar o elenco que vai disputar a Série A?

Essa é uma obrigação natural minha, do Wagner Tardelli - gerente de futebol -, do Marco Antônio Teixeira - diretor de futebol - e da minha comissão técnica. Estamos pensando no máximo de detalhes possíveis para o sucesso do America na Série A. Nossa busca é por reforços em praticamente todas as posições. Nem todos os atletas que disputaram a Copa Rio vão ficar, como aconteceu após a Série B, o que é normal no futebol. Os campeonatos são diferentes, com outras características, e temos que nos adequar. É o que queremos e o que estamos buscando.

Conforme passam os dias e o America se aproxima de estrear contra a Cabofriense - a partida acontecerá no dia 30 ou 31 de janeiro, com local e horário ainda indefinidos. Já consegue visualizar este jogo ou até outra partida específica?

Um jogo específico ainda não, nem mesmo a nossa estreia. Procuro ver as coisas com mais naturalidade. O momento agora é de observar atletas em potencial, contactar os que temos interesse em contratar ou renovar o contrato, e montar o grupo para o importante desafio que é o Carioca. Quando chegar mais próximo (do jogo contra a Cabofriense), com certeza. Mas será um jogo difícil, até por ser fora de casa. Porém, temos uma filosofia que nos faz encarar os jogos, como mandantes ou não, da mesma maneira. Claro que com pequenas alterações, que serão mais focadas no adversário do que no fato de atuarmos como visitantes.


Agência FERJ

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